EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO
O AQUECIMENTO é uma condição indispensável a toda a sessão de Educação Física e Desporto qualquer que seja a sua natureza. Com efeito, os alunos vão ser solicitados no conjunto dos seus recursos e na procura da eficácia do movimento.
DEFINIÇÃO: Denominamos AQUECIMENTO a todo o protocolo de exercícios ou de tratamento preliminar de uma sessão de actividade física que permita que o sujeito atinja as condições óptimas (físicas, fisiológicas e psicológicas) com a finalidade de realizar as melhores prestações possíveis.
Quanto maior for o nível de um indivíduo numa determinada prática física, maior terá de ser a duração e a especificidade do seu aquecimento. Desta forma, a alto nível, para actividades de elevadas necessidades energéticas e técnicas, a duração do aquecimento pode ser superior a 1 hora e 30 minutos. A nossa intenção não é a de aplicar o aquecimento utilizado no alto nível para a prática escolar, mas sim de extrair dele as implicações fundamentais que permitam ao professor por em prática uma metodologia útil.
O aquecimento possui diversos objectivos que podem ser expressos em três rubricas:
- Prevenir lesões ao elevar a temperatura dos músculos em actividade e aumentar a lubrificação articular,
· Aumentar o rendimento; um músculo cuja temperatura diminui em relação à normal, vê a sua contractilidade e o seu rendimento diminuir,
· Melhorar as prestações; o aquecimento permite o aumento da velocidade de contracção do músculo, da potência desenvolvida e muito simplesmente da capacidade de trabalho físico.
A ALIMENTAÇÂO
Desde sempre a dietéctica apareceu ligada ao exercício físico.Já na Antiguidade, os Gregos consideravam a dieta (entendida como regimen alimentar) não unicamente como a indicação dos alimentos, mas também uma forma de vida.
No corpo humano, que funcionalmente podemos considerar como uma máquina, o músculo aparece-nos como o verdadeiro mecanismo que produz trabalho mecânico, conseguindo-o a partir da transformação da energia química armazenada que resulta da alimentação.
A alimentação deve merecer particular interesse, quer por nos acompanhar durante toda a vida quer mesmo por ser responsável, em grande parte, pela nossa saúde.
Nos nutrientes, podemos considerar os hidratos de carbono (açúcares), as gorduras, as proteínas e também as vitaminas e os sais minerais; os hidratos de carbono são a principal fonte energética do homem. Os açúcares estão armazenados, no organismo, sob várias formas: como glicose sanguínea, como glicogénio no fígado e, ainda, como glicogénio no músculo.
Os seres humanos têm necessidades alimentares específicas, que variam em função da idade, do peso, da altura, do sexo, das actividades que exercem, etc. Porém, há leis que devem ser comuns a todos:
- Lei da Quantidade
comer, de forma equilibrada, o necessário;
- Lei da Qualidade
comer os vários alimentos que fornecem ao organismo todas as substâncias indispensáveis ao seu pleno funcionamento;
- Lei da Harmonia
comer proporcionalmente os diferentes alimentos, respeitando o equilíbrio necessário;
- Lei da Adequação
comer de forma adaptada às condições específicas de cada indivíduo.
Finalmente podemos ainda considerar a Lei das Três Horas - que é o tempo que o desportista deve respeitar entre a última refeição e a prática de uma actividade desportiva, porque durante a digestão a distribuição sanguínea é desigual, passando a haver maior concentração nas vísceras e menor afluxo às massas musculares, pelo que é preciso aguardar o reequilíbrio sanguíneo, para que os músculos possam estar preparados para o esforço físico sem o perigo de graves riscos.
O número ideal de refeições diárias é de cinco, sendo três como principais (manhã, meio-dia e jantar) e duas intermédias (a meio da manhã e a meio da tarde). Há ainda quem considere aconselhável tomar um copo de leite ao deitar.
O TREINO
Princípios do treino
O desenvolvimento das capacidades motoras processa-se mediante a relação contínua entre a carga de treino e a adaptação respectiva. É essa relação que permite desenvolver, no organismo humano, o ciclo de auto-renovação da matéria viva: no treino, a carga funcional provoca no organismo uma desorganização e decréscimo da capacidade de trabalho provocando fadiga. Durante o processo de recuperação (repouso e alimentação adequada o organismo reestrutura-se e permite aumentar a capacidade de rendimento.
São vários os princípios que na actividade desportiva importa respeitar, pois deles depende a melhoria da condição física e o conhecimento da aplicação das cargas e dos tempos de repouso, indispensáveis para se obterem as adaptações específicas.
Princípio da unidade / totalidade
A organização de todas as acções que integram uma sessão de treino deve constituir um processo coerente, interligado, sistematizado e progressivo, ou seja, deve revelar uma unidade com princípio, meio e fim. Em todas asa unidades desportivas aumenta-se o rendimento dos praticantes quer através das competições, quer, essencialmente, da utilização correcta das cargas de treino.
Essa carga tem como objectivo principal dotar o organismo de processos de adaptação que lhe permitam superar, física e psicologicamente, os esforços.
Componentes da carga | Caracterização. |
Intensidade | Grau de empenhamento em função do máximo das possibilidades do praticante. |
Volume | Totalidade do trabalho executado. |
Duração | Tempo necessário para a execução de um exercício ou conjunto de exercícios. |
Densidade | Conjunto de pausas ou intervalos da unidade de treino, que permitem manter uma correcta relação entre a carga e a recuperação. A uma carga mais intensa deve corresponder uma pausa maior. |
Frequência | Quantidade de repetições de um exercício, variando em função da capacidade de recuperação de cada atleta. |
Princípio da progressão
As cargas de treino devem ser aumentadas de forma gradual e progressiva à medida que o treino avança, pois só assim se consegue aumentar a capacidade de rendimento.
O repouso é uma parte integrante do treino, que permite a recuperação do esforço e a repetição do exercício.
Princípio da reversibilidade
As adaptações variam segundo o tipo de esforço e o tempo de repouso. Há adaptações que desaparecem muito rapidamente e outras de forma mais lenta. Quanto mais tempo se demora a adquirir a adaptação ao esforço mais tempo se demora a perder essa capacidade; também, quanto mais rapidamente se conseguir essa adaptação, mais rapidamente se pode perder essa capacidade. As adaptações ao esforço desaparecem após algum tempo; por isso, é indispensável a continuidade de trabalho.
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